segunda-feira, maio 22, 2006

ACABOU.....


Bem no dia 18/05, terminou o curso sobre os escritores malditos, na biblioteca Mario de Andrade, pude nestes poucos meses saber sobre grandes poetas , Conhecer Cláudio Willer, coordenador do ciclo e também Edélcio figura simpática e saiba que voltarei à biblioteca para tomar aquele café. Pude conhecer também vários escritores e tendo como palestre pessoas excelentes que fazia valer a grande viagem ao centro de São Paulo.. Um deles foi Antonio Bivar e Roberto Piva.. ótimos tanto é que estou lendo um livro de Antonio Bivar , que fala de sua paixão por Virginia Woolf... Enfim minha ultima palestra fui apresentada a um poeta Al Berto poeta português que morreu em 1997 vitima da AIDS. Segue um texto de AL BERTO ..


"Permaneço deitado, ignoro o dia, não me mexo, recuso-me a pensar. Durmo como se nunca mais acordasse, e ao acordar já é novamente noite. Como abundantemente, fumo muitos cigarros e bebo pelo menos meio litro de café. Mas, apesar de tudo, e com a prática de muitas ressacas, nem sempre consigo evitar a dor provocada por essa outra ressaca - a ressaca mental. Sempre bebi em quantidade, violentamente, para perder, a noção de mundo, e do mundo. Nunca bebi dramaticamente. E no dia seguinte a ter bebido muito, é como se os sentidos e a memória tivessem sido passados a efregona e lexívia. E dos sentidos surgem então sensações estranhas. Por exemplo,um órgão qualquer desata a arder, ou perco a visão - cego por instantes, e sou obrigado a tatear-me para me para me certificar que existo. Nada disto é agradável ou desagradável, é um outro estado de singular lucidez que pode prolongar-se horas a fio entre uma espécie de escuridão primordial e a fulguração dum tempo ainda por vir, ou já eterno. Fico assim, perdido no fundo de mim mesmo, sem nome, sem olhar para o que me rodeia, sem corpo que me transporte, sem pensamentos. Quanto à memória, é terrível. Umas vezes vai buscar imagens distantes de acontecimentos que, em geral, ainda virão a suceder. Outras, pura e simplesmente não há memória de nada. Um pouco como se tudo começasse a ser a cada fração de segundo, e levo um tempo infinito, desumano, para erguer de novo, peça a peça, o que sou. A embriaguez é um momento de vida incendiada, ou suspensa, e a ressaca um tempo de lenta e demorada reconciliação com o mundo, e comigo mesmo. Mas um dia, tenho a certeza, não terei forças para me reconciliar com o mundo, nem vontade de regressar de onde estiver. Continuarei a beber ininterruptamente e não haverá mais ressaca, nem dor. Seduz-me a ideia de vir a morar num corpo que já não sente, etílico talvez, transparente, e com uma leveza de cinzas."

Bem e isso ai ...

Ouvindo : Jamiroquai

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Mi, tudo bem? Gostei muito do seu blog e vc escreve super bem, vai em frente, com certeza os escritores exalam seus sentimentos e isso serve para pessoas que não conseguem exalar.
Adorei também o post da coruja rsrsrs e da música do Jair.
Mulher...eu não estou badalando não, pelo contrário, eu tenho uma festa da Unicamp no final do mês que vem, bem no dia do Jair para ir. Mas do resto, estou atrás de emprego, festas só em familia mesmo - com este frio, sair...eu gosto mas não estou muito não. Tenho que te ligar sim e fazer um post bem lindo seu no meu fotolog.
Beijão e depois conversamos .
Lyne - A Magrelaaaaa.