Bem , estes mês estou sem muita inspiração para escrever mas estou lendo muito , é esta semana na revista caros amigos li um artigo ótimo e quero compartilhar para as pessoas que acessam o meu blog.
"A auto-ajuda e o esoterismo são as duas expressões mais claras da vulgarização editorial em curso.Se o capitalismo reserva lugares para poucos, vou tratar de me preparar para tomar o emprego do meu vizinho, preparando-me em casa, com apostilas com cursinhos paralelos.E, na outra vertente da auto-ajuda, banaliza-se a filosofia, com conselhos e regras para que as pessoas resolvam os seus problemas e se tornem “lideres” nas áreas.Como se tudo fosse uma questão de vontade e de autoconfiança.
Quanto ao esoterismo, se as explicações e as promessas “racionais” não dão conta das coisas – quem “melhor preparado” do que FHC e fracassou -, busca-se refúgio nas religiões esotéricas e nas explicações místicas do mundo.Além de as religiões esotéricas funcionarem também como espaço comunitário, de auto-ajuda, na falta de políticas públicas que afirmem o direito de cidadania dos mais pobres.
A mídia – escrita, mas principalmente televisa – tem papel essencial nesse mecanismo, ao promover a mediocridade e a futilidade em suas colunas, mas também nos articulistas, que militam fervorosamente a favor da vulgaridade.Constroem-se “filósofos”, que arrotam Kant, Weber, Giddens, para dizes obviedades, em meio a citação supostamente eruditas, em geral de caráter conservador.
Esse fenômeno começou com os chamados “ novos filósofos”, ex-esquerdistas de 1968, na França, constituíram uma corrente anticomunista, manejando chavões escritos com maiúsculas – Razão, Democracia, Civilização -, projetando-se na mídia televisa, com livros pequenos, acessíveis, supostamente contendo verdades universais. Tratava-se simplesmente de uma forma de propaganda da versão liberal que opõe civilização a barbárie e que domina desde então o cenário midiático, com debates supostamente filosóficos.
Por aqui eles proliferam em jornais e revistas, na televisão e na Internet.Livros – abertamente ou disfarçados – de auto – ajuda inundam as listas dos mais vendidos, se vêem esperançosas pessoas folheando-os nas livrarias, bancas de jornais, ônibus, aviões.Com a falsa esperança de que estão elevando seus espíritos, preparando-se melhor para enfrentar seus problemas – no trabalho e na família.
Para fingir que tem um caráter filosófico, é indispensável citar Platão, Sócrates, uma pitadinha de de Kant, uma citação de pára-choque de caminhão atribuída a algum suposto pensador pensador chinês, complementado por uma figura animal – método do lagarto, espiral do dragão.
Além do senso comum mal disfarçado, essas bobagens ocupam o lugar da reflexão.Em vez de pensar qual o significado das coisas – inclusive das pessoas - , em uma sociedade como a capitalista, em que tudo se vende, tudo se compra, as energias do pensamento ficam derivadas para o esoterismo e o cretinismo das telenovelas.
O cotidiano das pessoas em uma sociedade como esta já é tomado, quase na totalidade, pela sobrevivência.O tempo para pensar é pouco, o que seria o tempo livre é inválido pela televisão, que dificulta, em vez de ajudar a refletir.
A leitura serve, entre tantas coisas, para aguçar nossa sensibilidade para nos ajudar a compreender o mundo.No centro de La Paz há um muro pintado coma frase:”Não leia, dance”.Parece simpática, burlona, fazendo a apologia do baile no lugar da leitura.Mas o seu significado em português está mais perto da verdade:quem não lê dança.Quem não lê coisas que agucem sua sensibilidade e o ajudem a compreender o mundo dança.Quando se trata de dançar e de ler, para sermos menos alienados, mais humanos." Emir Sader
Nenhum comentário:
Postar um comentário