sábado, outubro 20, 2007

Um conto

O peso no pulmão e o gosto do café de baixa qualidade do dia anterior ainda fazem parte do meu corpo. O Toque do relógio atinge meus ouvidos como um soco, que arde internamente, salientando para minha mente que mais um dia começou, e a pedra de Sisífos olha para mim como um carrasco da SS.
Pouco tempo depois estou tendo uma conversa sem som comigo mesmo em um banco de ônibus e me pergunto. Porque aquelas pessoas que caminham nas ruas a passos largos ainda conseguem se parecer ainda mais com ovelhas?
Chego naquilo que alguns teimam em chamar de escola. Não costumo chamar aquilo de escola, pois eh uma ofensa a todos aqueles que procuraram criar algo para ajudar as pessoas por meio do conhecimento.
O sinal toca, todos vão em busca de suas salas e seus lugares, os professores, detentores do saber chegam logo em seguida. Eh mais um dia que realmente vai começar.
Após muito tempo procurando controlar a turma, notei que dois alunos olhavam pela janela algum fato que estava ocorrendo do lado de fora.
Intrigado com aquilo, perguntei a eles
- O que vocês estão olhando ??
Um deles, com um olhar mais natural, respondeu
- Ah professor, somente um casal de ratos que estão andando do lado de fora, parecem ate que são namorados.
E o outro salientou
- E hoje em dia eh assim mesmo, as pessoas parecem ratos, minha vizinha tem um monte de filho com pais diferentes, ela fica andando com uns homens la na rua como esses ratos estão fazendo.
Como não poderia dizer nada,( pois o aluno disse tudo) apenas pedi para que eles prestassem atenção na aula.
O sinal do intervalo toca. As bocas esfomeadas procuram seu lugar no refeitório, para comer uma gosma que o Estado fornece, denominado por alguns de merenda.
Na volta do intervalo, a aula (como as pessoas ingenuamente costumam chamar)continua. Como sempre, um professor faltou e os alunos vão embora mais cedo para suas casas
Noto as facetas felizes por irem mais cedo para seus lares, onde vão consumir toda a migalha que eh destinada a eles.
Retorno a minha casa fumando meu cigarro barato, com o sentimento de que mais um dia contribui para a vergonha que se chama educação.


Este texto e de uma amigo prá lá de querido ....( Hugo Leonardo ) Não sei se ele irá gostar de ver o texto publicado...


Ouvindo.: Incubus

Nenhum comentário: